A influência medida na convivência
- Everton Lagares

- 27 de set. de 2020
- 2 min de leitura
Atualizado: 7 de nov. de 2020
O cotidiano precisa de acordos bem definidos e a hierarquia pressupõe ambientes próprios!
Minha relação com meus avós passa por vários níveis de embate/aceitação, além disso, o cotidiano em casa é uma aventura.
Com meu avô, claramente, eu não tenho paciência para a negatividade intrínseca dele e não vejo motivo para 'respeitar' opinião contrária que é dada com o simples objetivo de desmotivar. Digo isso de cara para ressaltar que demorei para aprender o limite (que é uma linha tênue) entre: ouvir por obediência e ouvir para absorver. Há de se destacar que absolutamente nada afeta o meu avô! Ele parece de ferro, impenetrável ao que ele dá de ombros. Nem críticas, acusações, apontamentos, etc! Nem sequer os diagnósticos (e tratamentos) mais específicos podem vencer a descrença daquilo que ele simplesmente não quer assumir. Por um lado, ignorar um câncer pode ser fatal caso não se busque tratamento, por outro, pode ser um talento que o ajuda a vencer os mais diversos desafios comprovados.
No caso da minha avó, por ela ter reforçado durante toda a sua vida que desejava 'trabalhar para que eu pudesse ter um futuro mais tranquilo', o limite que precisa ser destacado a cada dia é no que se pode prometer! Ela, sendo uma típica avó, não reduz esforços para abençoar aos netos (hoje somos 3), mas sente total dificuldade de aproveitar os frutos do próprio trabalho! Enquanto eu, na figura de um dos netos, poderia apenas usufruir de todo cuidado proposto, penso que, ao contrário, ela já deveria estar aproveitando mais do tempo que a vida pode proporcionar agora e isso já é motivo de cuidado para que não pareça com ações egoístas, mal agradecidas, arrogantes, etc.
Hoje reconheço a importância dos limites na convivência e busco reforça-los sempre que se parece por bem tê-los esquecidos. De tão extremos que são os meus avós, há de se pensar que é um equilíbrio que, de fato, não nasce pela simples mistura que me produziu, mas pela insistência de discordar, em propor mudanças e de estabelecer práticas próprias. Aos 30 anos de idade, é claro que também há limites de "serviços" que são direcionados a mim. Sei que não posso me fazer de "meninão" que recebe tudo pronto! (a velha história do cara velho e pede o danoninho para a avó). Entretanto, sei que minha função estudantil acaba ganhando muitos cuidados privilegiados (que de fato me coloca em posições muito confortáveis em casa).
Como resultado, tenho o sangue dos ‘domingos’ e dos ‘luiz’, duas linhas familiares difíceis de lidar! Mas que, provavelmente, você gostaria de conquistar a confiança. Sou a somatória de características que até posso lutar diariamente para não desenvolver em profusão, mas que nunca rejeitarei por mais que isso se pareça caricato.




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